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Como o tarifaço e a internacionalização podem abrir portas para franquias brasileiras

Por Paulo C. Mauro, CEO da Global Franchise, é autor de quatro livros sobre franchising e um dos precursores do setor no Brasil*

O recente aumento das tarifas de importação nos Estados Unidos gerou preocupação imediata para empresas que já atuam ou planejam expandir suas operações no país.

Nesse cenário, as franquias enfrentam o desafio de ajustar modelos de fornecimento e explorar novos mercados, já que barreiras tarifárias podem mudar profundamente as regras do jogo.

A internacionalização sempre foi um passo natural para franquias em crescimento.

O sistema de franquias permite transformar empresas nacionais em multinacionais, adaptando modelos à cultura e às necessidades de cada país.

Estar nos Estados Unidos garante acesso ao maior mercado consumidor do mundo e visibilidade global, acompanhada por investidores e empresários de diversas regiões.

Para marcas brasileiras, a expansão internacional representa uma oportunidade de consolidação global, sobretudo em gastronomia e serviços, setores nos quais o país possui grande potencial competitivo.

Com o aumento das tarifas, empresas que dependem de insumos importados precisam repensar suas estratégias.

Empresas que trazem produtos do Brasil buscam alternativas de exportar os insumos e produtos através de países como Argentina e México para driblar as novas tarifas e manter competitividade.

Já redes que utilizam insumos e equipamentos produzidos localmente, como clínicas de estética, serviços de limpeza e franquias de educação, encontram terreno fértil para crescer sem grandes impactos.

Segundo o relatório anual da ABF de 2025, o setor de serviços no franchising brasileiro registrou crescimento de 15,6% no faturamento em 2024, demonstrando resiliência mesmo em cenários econômicos instáveis.

O aumento das tarifas também abre novas oportunidades.

Franquias podem acelerar a busca por mercados alternativos, como América Latina e Europa, onde barreiras tarifárias são menores.

Investidores internacionais tendem a valorizar redes que exportam conceitos e marcas, mas produzem insumos e equipamentos localmente, reduzindo riscos logísticos e financeiros.

Na gastronomia, algumas redes já se anteciparam: padarias e cafeterias nos EUA produzem pão de queijo e brigadeiro em solo americano, adaptando receitas sem perder autenticidade.

Casos concretos ilustram essa adaptação.

A franquia Doutor Hérnia, especializada em tratamentos para coluna, utiliza equipamentos e insumos locais, evitando impactos das tarifas.

A Sódiê Doces, que antes importava insumos do Brasil, estuda rotas alternativas via países vizinhos.

A Milk Moo, que abriu sua unidade piloto nos EUA, opera de forma independente, sem necessidade de importar produtos brasileiros.

Essas estratégias mostram que a capacidade de adaptação será o diferencial entre avançar ou recuar diante do novo cenário.

Embora muitos vejam o aumento tarifário apenas como um obstáculo, ele também pode ser um divisor de águas para as franquias brasileiras.

Ajustar modelos de fornecimento, investir em produção local e explorar mercados alternativos transforma desafios em oportunidades.

As marcas que se posicionarem estrategicamente terão não apenas espaço nos EUA, mas também credibilidade para expandir a outras regiões, consolidando o Brasil como polo de inovação e conceitos no franchising global.

O tarifaço, embora desafiador, pode ser o impulso que muitas franquias precisavam para repensar seus modelos e conquistar o mundo com mais estratégia e visão de longo prazo.

Toda crise gera oportunidades, e o verdadeiro desafio está em contorná-las e transformá-las em crescimento.

As franquias brasileiras estão em posição única para conquistar espaço global, especialmente em gastronomia e serviços, desde que mantenham foco e invistam em estratégias sólidas e estruturadas.

*Paulo C. Mauro é um dos precursores do franchising no Brasil. Sua empresa, a Global Franchise, possui escritórios em São Paulo e nos Estados Unidos, e atualmente conta com associados em mais de 60 países, por meio de grandes grupos mundiais de consultores. É autor de quatro livros sobre franchising, sendo o mais recente “O Franchising do Futuro / O Futuro do Franchising”, publicado em português, inglês, francês e espanhol.

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