O varejo brasileiro deve encerrar o último trimestre do ano em ritmo moderado de crescimento, segundo o Índice Antecedente de Vendas (IAV-IDV), calculado pelo Instituto para Desenvolvimento do Varejo.
Os dados nominais apontam avanço de 6,5% em outubro, 6,2% em novembro e 3,9% em dezembro, sempre em comparação aos mesmos meses de 2024. Em setembro, o indicador havia registrado alta de 2,1%.
Considerando os números ajustados pela inflação medida pelo IPCA, o índice prevê crescimento real de 1,7% em outubro e 1,4% em novembro, seguido por queda de 0,8% em dezembro. No mês anterior, a retração foi de 3% sobre a base anual.
De acordo com o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, o desempenho de setembro foi afetado pela queda na intenção de consumo das famílias, que recuou 0,9% em relação a agosto e atingiu o menor nível dos últimos dois anos.

O cenário econômico para os próximos meses segue desafiador. As projeções indicam que o IPCA deve encerrar 2025 com alta de 4,72%, acima do teto da meta de 4,5% definida pelo Conselho Monetário Nacional. A inflação persistente, combinada à taxa Selic mantida em 15% ao ano, tende a pressionar o consumo das famílias e o crédito ao varejo.
Segundo Gonçalves Filho, os juros reais próximos de 10% ampliam o risco de retração do setor, sobretudo entre médios e pequenos varejistas, ao encarecer o crédito e reduzir a capacidade de investimento e de compra.
As estimativas do IAV-IDV são baseadas nas projeções individuais de faturamento dos associados do instituto para os três meses seguintes. O grupo representa cerca de 20% das vendas do varejo nacional e reúne empresas de diferentes segmentos.
Entre os setores analisados, apenas o de hiper e supermercados apresentou retração em setembro, com queda de 0,2% em relação ao mesmo mês do ano passado. Para outubro, novembro e dezembro, as projeções são de alta de 9,3%, 8,7% e 3,8%, respectivamente.
O atacado de alimentos, bebidas e fumo teve aumento de 0,7% em setembro, com expectativa de crescimento de 3,7%, 4,9% e 2,8% nos três meses seguintes. O setor de material de construção avançou 0,6% e deve subir 7,1%, 6,3% e 8,7% no trimestre final do ano.
Entre os segmentos de maior expansão, destacam-se os de artigos de uso pessoal e doméstico, com alta de 11,1% em setembro e previsões de 11,8%, 12,2% e 13,4% até dezembro; e o de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, perfumaria e cosméticos, que cresceu 13,3% e deve registrar aumentos de 17,5%, 12,6% e 8,9% nos próximos meses.
O setor de móveis e eletrodomésticos avançou 9,9% em setembro e deve manter o ritmo positivo, com altas previstas de 9,4%, 10,4% e 6,4%. Já o de tecidos, vestuário e calçados apresentou crescimento de 8,2% e deve registrar 8,7%, 8,9% e 3,1% até o fim do ano.


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