Nos últimos anos, o mercado de alimentação viveu uma revolução silenciosa. Enquanto a digitalização acelerava o acesso ao consumidor e novos modelos de negócio surgiam, muitas foodtechs se concentraram na experiência, na conveniência e na promessa de inovação. Mas, à medida que o setor amadurece, um ponto se torna cada vez mais claro: tecnologia e propósito não bastam se não houver poder operacional para sustentar o crescimento.
Ainda em 2023, a pesquisa CPO Survey, realizada pela Deloitte, apontou que eficiência operacional, redução de custos, transformação digital e ESG já estavam entre as principais prioridades para executivos no Brasil. De lá para cá, vem ganhando ainda mais força a percepção de que poder operacional não é um custo a ser minimizado, mas uma diferencial competitivo, principalmente em um Brasil de juros de dígitos duplos e inflação que corrói a renda do consumidor.
Se a marca é o coração de uma foodtech, a operação são os músculos dela. É o que traduz propósito em produto, tecnologia em experiência e estratégia em resultado. E é justamente nesse ponto que está um dos maiores desafios e diferenciais para quem atua no setor. Operar bem é escalar com consistência, elevando a qualidade do produto, a otimização de custos e a eficiência no uso de recursos.
Aprendemos isso na prática. Liderando uma operação que nasceu com o propósito de oferecer comida de verdade, com ingredientes naturais e produzidos de forma responsável. Mas para que essa proposta fosse viável em larga escala, precisávamos construir uma base operacional sólida: desde o relacionamento com pequenos produtores até a logística de distribuição e o desenvolvimento de processos internos que garantissem qualidade em cada etapa. Um trabalho diário para escalar a comida artesanal.
Essa estrutura é o que nos permite inovar com segurança, testar novos canais, ajustar o portfólio e responder rapidamente às mudanças no comportamento do consumidor. Essa busca contínua por maturidade operacional, traz liberdade e confiança para crescer – transformando desafios em oportunidades.
Aprendemos efetivamente que a eficiência operacional é o que transforma uma boa marca e um bom produto em um bom negócio. Ter uma operação eficiente não significa apenas reduzir custos ou automatizar processos; é sobre criar uma cultura que trabalha de ponta a ponta com consistência, integrando tecnologia, pessoas e propósito.
No meu caso, essa visão se traduz em uma operação verticalizada, que nos dá visibilidade sobre a cadeia, do campo ao prato. Essa proximidade com cada etapa nos permite reduzir desperdícios, otimizar rotas, garantir previsibilidade de produção e elevar continuamente a qualidade que o consumidor espera. É também o que nos dá a segurança de evoluir de forma sustentável, produzindo mais de 1 milhão e meio de refeições por mês, sem abrir mão dos nossos princípios.
Quando começamos uma jornada empreendedora, é natural nos apaixonarmos pelo problema, pela marca e pelos nossos produtos. Operar todos os dias com a mesma paixão em busca da melhoria contínua é fundamental para aumentar as chances da nossa marca e dos nossos produtos fazerem parte dia após dia da rotina de muitos brasileiros. No fim, o poder operacional é o que transforma boas ideias em negócios resilientes. E é essa resiliência que constrói o futuro.


Deixe um feedback sobre isso