Proteínas e superfoods impulsionam mercado funcional
Snacks com colágeno, bebidas com adaptógenos, pipocas com proteínas e suplementos com superfoods já fazem parte da rotina alimentar de um número crescente de brasileiros. Em um cenário onde saúde, praticidade e performance orientam as escolhas de consumo, os alimentos funcionais conquistam espaço e redesenham o setor de alimentos e bebidas no país.
Entre 2023 e 2025, ao menos 20 fusões e aquisições foram registradas no setor de vitaminas, suplementos e nutrição, segundo a Redirection International. Estima-se que o mercado já movimente R$ 10 bilhões ao ano, com crescimento de 8% apenas no último ciclo. O envelhecimento da população, a busca por longevidade e mudanças no comportamento alimentar explicam parte desse avanço.
A proteína segue como protagonista, mas o portfólio funcional se amplia com ingredientes como fibras, eletrólitos, probióticos, colágeno, adaptógenos e ativos da biodiversidade brasileira. Produtos que antes eram restritos ao universo fitness agora fazem parte da despensa de famílias e da rotina de consumidores urbanos em busca de conveniência e equilíbrio.
“Não é uma tendência passageira”, afirma Cristina Leonhardt, especialista em inovação alimentar. “Há um movimento multifatorial, com raízes culturais, que combina estética, funcionalidade e o simbolismo da alimentação na construção da identidade.”
De acordo com a nutricionista Maryane Malta, alimentos funcionais não devem ser encarados como substitutos de refeições, mas como aliados em uma rotina mais saudável. “Eles contribuem para saciedade, manutenção da massa magra e suporte ao metabolismo, mas ainda precisam ser consumidos com equilíbrio e olhar crítico para a qualidade da formulação.”
Esse olhar se estende também à rotulagem. Com os novos selos de advertência em vigor no Brasil, termos como “natural” ou “fit” continuam exigindo atenção, dada sua ambiguidade regulatória. Em contrapartida, cresce a valorização de produtos com posicionamento claro, clean label e transparência na origem dos ingredientes.
A Amazônia ganha protagonismo como fonte de inovação e diferenciação no setor. Ingredientes como ora-pro-nóbis, jambu, açaí e castanhas da região ganham destaque em formulações com apelo nutricional e storytelling nacional. Marcas como Terramazonia e Puravida — esta última adquirida pela Nestlé — são exemplos de como a brasilidade pode ser convertida em vantagem competitiva.
A perspectiva futura aponta para personalização, sustentabilidade e tecnologia. A ascensão de bebidas proteicas voltadas a públicos diversos (como mães, estudantes e trabalhadores urbanos), a adoção de adoçantes naturais, a popularização de fórmulas mais limpas e o impacto da popularização dos medicamentos GLP-1 na relação com a comida devem moldar a próxima fase do setor.
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