Atenção, proprietários de negócios food service cujo cardápio inclui o bom e o famoso ‘cafezinho’ que o brasileiro tanto ama. Você precisa conhecer a Recafenet, uma startup criada por adolescente de apenas 17 anos que incentiva donos de cafeterias, restaurantes, lanchonetes, padarias, bares, sorveterias e afins a reutilizarem resíduos de café para transformá-los em produtos úteis.

A startup é fruto de um projeto de iniciação científica de Alex Seokhun Kim, que é sul-coreano, imigrou com a sua família para o Brasil há 10 anos e conseguiu, com a ajuda dos pais, desenvolver uma tecnologia que transforma a borra de café em produtos totalmente biodegradáveis, sem a necessidade de interferências industriais. Sendo válido realçar que, hoje em dia, os processos para reutilização da borra de café adotam, em sua maioria, o Ácido Polilático (PLA), também conhecido como bioplástico. No entanto, o PLA só se decompõe completamente em condições específicas, como em instalações industriais de compostagem. Dessa forma, em ambientes comuns, ele não se degrada totalmente e pode ser tão prejudicial ao meio ambiente quanto os plásticos derivados de petróleo.

Nesse contexto, Alex, que é radicado na cidade de São Paulo, capital, realizou uma série de experimentos até alcançar a fórmula que dá um destino diferente aos resíduos do tradicional ‘cafezinho’. Afinal, com a aplicação da tecnologia que o adolescente desenvolveu, a borra que seria enviada para aterros sanitários ou à queima e, assim, se tornaria um grande passivo para o planeta, é modificada para um substrato 100% biodegradável. “O hábito de tomar café é uma tradição ao redor do mundo e me chamou atenção que, das cerca de 10,3 milhões de toneladas produzidas anualmente no planeta, apenas 0.2% é consumida e o restante, 99,8%, são descartadas na forma de resíduos e enviados para aterros ou incineradas, liberando gases de efeito estufa e prejudicando o meio ambiente. Foi de onde partiu a minha ideia de pesquisar e desenvolver uma solução que pudesse trazer benefícios à natureza e ainda ter um papel social gerando renda para as pessoas”, ressalta Alex.

Em entrevista exclusiva à Rede Food Service, o adolescente revela ainda que a técnica criada por ele para transformar a borra do café em produtos totalmente biodegradáveis também foi pensada para ser uma opção de renda extra para famílias em condições de vulnerabilidade econômica-social, já que o que era resíduo vira matéria-prima para a confecção de novos produtos amigáveis à natureza, como sabão em barra, esfoliante para pele, vasos para plantas, sabonete esfoliante para os pés, entre outros. “A Recafenet oferece ao mercado de food service uma maneira de reduzir o desperdício e transformar resíduos em oportunidades. Cafeterias podem gerar renda extra vendendo produtos sustentáveis, como vasos biodegradáveis e sabonetes de café, enquanto fortalecem sua imagem como empresas comprometidas com a sustentabilidade. Isso atrai consumidores conscientes e melhora a relação com a comunidade. E a Recafenet é muito mais do que apenas uma empresa sustentável. Para mim, ela representa a oportunidade de transformar um problema ambiental em uma solução prática e acessível. É uma maneira de contribuir para a economia circular, protegendo o meio ambiente e ajudando as comunidades locais a se tornarem mais autossuficientes”, afirma Alex.

QUE TAL CONHECER MAIS SOBRE A RECAFENET?

Confira na sequência:

• QUANDO E COMO SURGIU A IDEIA DA RECAFENET
• A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE NA RECAFENET
• IMPACTO DA RECAFENET NO MERCADO DE FOOD SERVICE
• RESULTADOS JÁ ALCANÇADOS E PLANOS PARA A RECAFENET
• COMO SER PARCEIRO (A) DA RECAFENET?

QUANDO E COMO SURGIU A IDEIA DA RECAFENET

Segundo Alex, a ideia da Recafenet “surgiu há dois anos, quando eu vi um desenho em uma cafeteria com a frase: ‘99,8% do café é descartado como lixo e isso polui o meio ambiente’. Isso me fez pensar sobre o impacto ambiental dos resíduos de café e, assim, eu comecei a pesquisar e descobri que muitos produtos feitos de resíduos de café utilizam PLA, um bioplástico que só se decompõe em condições industriais específicas, o que me motivou a criar um produto que fosse realmente biodegradável e pudesse ser produzido de forma acessível. E, após muitos meses de experimentos, eu desenvolvi uma receita de argila feita de resíduos de café. É um material biodegradável que não precisa de máquinas caras para ser produzido, o que o torna ideal para artesãos e pequenos produtores. Além disso, eu também criei uma plataforma para conectar artesãos, cafeterias e consumidores, promovendo a economia circular”, resume o adolescente.

Alex conta que, para tirar a ideia Recafenet do papel, ele contou com a ajuda dos pais, JunSang Jonas Kim, de 53 anos e CEO de uma instituição financeira de financiamento automotivo, e Ally Jung Hye Kim, de 52 anos e dona de casa.  “A minha família teve um papel essencial. Eles me ajudaram com questões práticas, como o registro da patente, já que sou menor de idade, e também financiaram os materiais para os meus experimentos. Além disso, os meus pais sempre me apoiaram emocionalmente, especialmente durante os momentos de dificuldade, quando os experimentos falhavam”, divide.

Os pais do adolescente, por sua vez, complementam que “a Recafenet é o primeiro projeto do Alex e, para nós, é uma demonstração de sua dedicação e paixão. Vê-lo conciliar estudos e trabalho enquanto busca algo significativo nos enche de orgulho. O projeto também reflete os valores que sempre incentivamos em casa: persistência, criatividade e responsabilidade com o meio ambiente. Nós ajudamos o Alex principalmente com apoio prático e financeiro. Desde o início, discutimos suas ideias e ajudamos a estruturar o projeto. Também lidamos com questões legais, como o registro da patente e da empresa, já que ele é menor de idade. Além disso, apoiamos emocionalmente, incentivando-o a continuar mesmo diante das dificuldades”, relatam Jonas e Ally.

A IMPORTÂNCIA DA SUSTENTABILIDADE NA RECAFENET

Que a sustentabilidade é um dos principais pilares da Recafenet não há dúvidas, certo? Entretanto, cabe o realce de que a sua importância no que tange à startup é, digamos, ‘coisa de família’, uma vez que, conforme Alex, “sempre foi discutida na minha casa, especialmente porque vivemos entre o Brasil e a Coreia do Sul. Na Coreia, as regras para o descarte de resíduos são muito rigorosas e eu cresci questionando essas práticas. No Brasil, as regras são mais flexíveis, o que me permitiu comparar as diferenças e refletir sobre como os resíduos são tratados. No entanto, o meu interesse pela sustentabilidade realmente cresceu quando eu comecei a pesquisar por conta própria e a perceber que pequenas ações podem fazer uma grande diferença”, assinala.

Jonas e Ally acrescentam que “sustentabilidade sempre foi discutida em casa, especialmente porque vivemos entre o Brasil e a Coreia do Sul. Na Coreia, as práticas de reciclagem são rigorosas e isso despertou a curiosidade do Alex desde cedo. No Brasil, ele pôde comparar as diferenças e se aprofundar no tema. Mas, nós acreditamos que o que realmente o motivou foi a sua própria curiosidade e determinação em criar algo positivo”, garantem.

IMPACTO DA RECAFENET NO MERCADO DE FOOD SERVICE

Quando questionados sobre o impacto do trabalho do filho junto à Recafenet no mercado brasileiro de food service, Jonas e Ally avaliam que a startup “promove um modelo mais sustentável para o setor, incentivando as cafeterias a reutilizarem resíduos de café e transformá-los em produtos úteis. Isso não só reduz o impacto ambiental, mas também melhora a relação entre as empresas e os consumidores, que estão, cada vez mais, conscientes sobre a importância da sustentabilidade”, alegam.

Nesse sentido, vale o destaque de que a Recafenet funciona por meio do princípio da economia circular e estabelece parcerias em três frentes para a disseminação da tecnologia desenvolvida por Alex, sendo elas:

• com restaurantes e estabelecimentos comerciais para a coleta de resíduos
• com cooperativas de artesãos para a produção das mercadorias
• com sites e lojas locais para a venda dos produtos

Além disso, a Recafenet também tem um braço social voltado à realização de programas de treinamento para a fabricação de produtos a partir da borra de café em comunidades de baixa renda, uma vez que a técnica criada por Alex não requer condições industriais específicas e utiliza recursos naturais que protegem o meio ambiente e promovem um uso sustentável dos resíduos. “Todos os participantes do ecossistema da Recafenet se beneficiam. Cafeterias geram renda extra e melhoram sua reputação, artesãos têm acesso a novos materiais e mercados e consumidores podem fazer escolhas mais conscientes, contribuindo para a proteção ambiental”, aponta Alex.

RESULTADOS JÁ ALCANÇADOS E PLANOS PARA A RECAFENET

Embora a Recafenet ainda esteja em estágio inicial, Alex alega que “já desenvolvemos produtos sustentáveis, criamos uma plataforma digital e solicitamos a patente da argila de café. Também conduzimos oficinas para conscientizar comunidades sobre sustentabilidade e mostramos que é possível transformar resíduos em algo valioso”, comemora.

Em relação aos planos que possui para a startup, o adolescente desvenda que “estamos no processo de lançar produtos como kits de argila de café para artesãos e vasos biodegradáveis. Além disso, realizamos oficinas em comunidades carentes para ensinar as pessoas a fabricar produtos sustentáveis, oferecendo conhecimento e novas oportunidades econômicas. O nosso primeiro objetivo é estabelecer o modelo da Recafenet em São Paulo, capital, e garantir que ele funcione como planejado. A longo prazo, queremos expandir o projeto para outras regiões e incorporar novas ideias, como máquinas de compostagem de café para cafeterias. Queremos ainda criar um ciclo completo onde o cliente possa consumir café, comprar produtos reciclados e participar diretamente da sustentabilidade”, divulga.

COMO SER PARCEIRO (A) DA RECAFENET?

E aí? Já interessado (a) em ser um parceiro (a) da Recafenet?

Se sim, saiba que é possível e de maneira bem simpliciada. “Basta acessar o nosso site www.recafenet.com/parceiros e fazer o seu devido cadastro ao clicar no botão ‘Participe’”, convida Alex.