Estamos vivendo uma transformação indispensável na indústria e na sociedade. A transição da Indústria 4.0 para a Indústria 5.0 não é apenas uma mudança tecnológica, é uma evolução que traz o ser humano de volta ao centro da produção. A automação e a conectividade que marcaram a 4.0 serviram de base para avanços incríveis, mas faltava algo essencial: a valorização das pessoas. Hoje, com a Indústria 5.0, máquinas e humanos trabalham juntos, formando equipes que aproveitam o melhor da tecnologia e da inteligência humana.

A Indústria 5.0 coloca o trabalhador no protagonismo. Robôs colaborativos e inteligência artificial já não substituem, mas apoiam. O que conta agora é o talento humano, a criatividade, o julgamento e a capacidade de resolver problemas. Essa mudança não é só para produzir mais rápido ou barato, mas para gerar produtos customizados, com qualidade, e ainda pensados para respeitar o meio ambiente e a resiliência do negócio.

Ao lado desse avanço industrial, nasce o conceito de Sociedade 5.0, uma visão de sociedade superinteligente e centrada no ser humano. Aqui, tecnologias digitais resolvem problemas sociais reais, saúde mais acessível, cidades inteligentes, educação personalizada, melhorando a vida das pessoas e criando um ciclo virtuoso entre indústria e sociedade.

Mas essa transformação não acontece sozinha. Ela depende da qualificação profissional, da formação contínua tanto das pessoas quanto das empresas. Sem isso, não adianta ter a máquina mais avançada ou o sistema mais moderno. São as pessoas que operam, mantêm, melhoram e inovam os processos.

No Brasil, sabemos que a situação ainda é desafiadora. Muitas micro e pequenas empresas ainda têm dificuldade de incorporar tecnologias digitais, muitas vezes por falta de conhecimento, de investimentos ou de profissionais preparados. É fundamental investir em capacitação técnica, formação prática e aperfeiçoamento constante para que os trabalhadores desenvolvam não só habilidades digitais, mas também pensamento crítico, criatividade e responsabilidade.

Essa formação gera mais do que conhecimento, cria cultura de cuidado com o básico. Ǫuantas vezes vemos processos falhando não por falta de tecnologia, mas pela execução inconsistente? Precisamos formar profissionais comprometidos em fazer o simples bem feito, aliando atenção aos detalhes com o uso inteligente da tecnologia. É essa base que sustenta a inovação verdadeira.

Programas de treinamento têm mostrado resultados expressivos, mesmo para empresas com baixo nível de maturidade digital. Começar por um diagnóstico realista, implementar soluções práticas, monitorar os resultados e avançar com calma e foco na capacitação faz toda a diferença. E é justamente esse passo a passo que garante produtividade e competitividade, preparando as organizações para os desafios do futuro.

A educação profissional é, portanto, um investimento estratégico que beneficia trabalhadores e indústrias ao mesmo tempo. Ela reduz a lacuna de habilidades digitais, promove segurança nas operações e fortalece a cultura organizacional saudável e eficiente. Quem aposta na qualificação está fortalecendo seu capital humano, garantindo que a indústria evolua com humanidade, resiliência e sustentabilidade.

Não se trata apenas de acompanhar uma moda tecnológica, mas de ajustar o modelo industrial para um futuro em que o lucro ande junto com cuidado com as pessoas, ética e respeito ao meio ambiente. A Indústria 5.0 nos lembra que o avanço só é sustentável se a inteligência humana estiver à frente, conduzindo com criatividade, responsabilidade e conhecimento.

Em resumo, vivemos uma revolução dupla, de máquinas e pessoas, de indústria e sociedade, de tecnologia e educação. Ao compreender e fortalecer essa união, construiremos um futuro mais produtivo, inovador e justo para todos.

*Augusto Zarpon é engenheiro eletrônico com MBA em administração e negócios e Black Belt em Six Sigma. Com experiência em empresas globais e como empreendedor no setor alimentício, é especialista em melhoria contínua, redução de custos e instrutor técnico no SENAI.